segunda-feira, dezembro 17, 2007

Natal

Faltam apenas uns dias para o Natal e confesso que é uma altura em que sinto uma especial nostalgia. Ano após ano, a mesa da noite de Consoada foi diminuindo o número de elementos à sua volta.
As prendas foram substituindo os afectos.A alegria genuína deu lugar a uma alegria imposta.
A azáfama na cozinha com os pratos tradicionais da época, foram sendo substituidos por outros.Enfim, é uma altura de recordações de outros Natais vividos com toda a família reunida.
Em que a saudade enche os corações.Em que aqueles que estão bem, melhor se sentem, mas os que estão mal, pior ficam. Os que estão sózinhos, é nesta altura que mais sentem na pele a solidão.Como dizia Madre Teresa, a verdadeira doença da sociedade actual, não é a tuberculose, mas o medo do abandono, da rejeição, da falta de amor. É também a época em que aqueles com mais necessidades, sentem de forma mais acentuada as diferenças sociais, com os centros comerciais repletos de gente a fazer as compras de Natal, em contraste com os sem abrigo. Mas também aqueles que estão hospitalizados e por isso afastados das suas famílias, sentem como nunca, a angústia da sua doença e o quanto é penoso não poder partilhar a Consoada com aqueles de quem gostam. Acho mesmo que o Natal se transformou na época do ano de maior hipocrisia! Em que tudo aparenta ser perfeito, mas na realidade, nem os gestos de solidariedade para com os outros se manifestam, a não ser nas prendas...essas são obrigatórias e deixam-nos a sensação de dever cumprido!
Em que cada vez mais cedo, o marketing feroz nos impõe músicas e decorações natalícias por todo o lado.
Em que os pinheiros de Natal, cheios de luzes e bolas coloridas, substituiem os singelos presépios feitos com musgo e figuras de barro.
Enfim, reflexos dos novos tempos...

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Os direitos da criança

Fico surpreendida com a incompetencia desta nova geração de juízes.Com a sua imaturidade!
Saiem das faculdades de Direito, sem experiência de vida, e dão sentenças como se fossem reis.Só assim se podem explicar decisões como as que se passaram nos últimos casos mais mediáticos relacionados com crianças adoptadas que são entregues pelo tribunal aos pais biológicos.
Como é que uma criança educada durante anos num determinado meio, em que ela cresce e desenvolve afectos, pode ser devolvida a quem a abandonou e lhe é estranho?!!
Não consigo entender! Isto faz-me lembrar uma história, vivida há uns anos.
Uma criança abandonada (e vendida pela sua mãe), foi entregue a uma família que, desconhecendo o seu nome, o passou a chamar de Miguel ( o nome a que a criança reagiu).Pois bem, quando a família teve acesso aos documentos identificativos da criança soube que o seu nome afinal era Manuel. Assim sendo, pediu ao tribunal para que a criança, ao ser adoptada, ficasse com o nome pelo qual esta se identificava.Parecia lógico que o pedido fosse aceite, tendo em conta que a referida criança, há sete anos que era tratada por Miguel.Como explicar-lhe que afinal não era assim que se chamava?!
Pois bem, o tribunal achou que acima de tudo tratava-se de cumprir a lei e nessa altura, ainda não era possivel mudar o nome próprio.
Situações destas já não voltam a acontecer porque felizmente a lei foi alterada, mas parece-me que se continua a colocar a lei acima dos interesses da criança.
Ou não será a criança que tem de estar em primeiro lugar? O seu direito a ter um lar onde seja feliz e amada.
Como se pode simplesmente tranferir uma criança de um lar para outro (que nada lhe diz), como se de um objecto se tratasse?!
Porque tem o sangue daqueles pais?!E o amor, não será mais importante?
Quem cria, quem dá afecto, não será mais importante para o desenvolvimento saudável da criança?!
Tal como uma arvore precisa de raízes sólidas para crescer, também uma criança tem de se sentir segura para vir a ser um adulto forte.

terça-feira, dezembro 11, 2007

A luz

Há alturas em que nos viramos para dentro e mil e uma questões nos ocorrem.
Porque falhamos?Porque erramos?
Porque cedemos quando a nossa vontade era dizer não?
Porque recusamos quando a nossa vontade era dizer sim?
Porque são os que mais amamos que mais nos magoam?
Porque não aceitamos os outros como eles são, ao invés de serem como nós gostaríamos?
Porque não sabemos lidar com a critica e tão fácilmente somos criticos com os outros?
Porque nos acomodamos à vida que não queremos?
Porém....
Porque temos forças para nos levantar quando caímos?
Porque resistimos ao sofrimento?
Porque perdoamos àqueles que nos magoaram?
Porque temos fé se a vida nos mostra tanta injustiça?
Porque confiamos?
A resposta que encontro é...
Porque sonhamos e é o sonho que nos conduz!
É pelo sonho que caminhamos e é ele que nos dá forças para continuar, mesmo com os nossos erros e com as nossas desilusões...
É ele que nos dá a luz!

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Cinema

Esta semana vi dois filmes fantásticos! "Gangster Americano" e "Peões em Jogo". Para quem ainda não viu, vá ao cinema e não perca! Boa representação, substância e uma realidade exposta de forma tão autentica ! No primeiro, temos o mundo da droga. No segundo, o da política. Dois mundos tão crueis! Vale a pena sair de casa, mesmo com chuva e frio!

Multidão anónima

Esta manhã, ao tomar café, encontrei uma senhora que já não via há muito tempo.Palavra puxa palavra e durante meia-hora ficamos a pôr as notícias em dia.Falou-se de filhos e de cães.No final, registei algumas afirmações que me deixaram a reflectir.
Primeiro, dizia ela " os meus filhos casaram mas veem todos os dias almoçar a minha casa, mas não é por amor.É porque dá jeito, sabe?"
Segundo, lamentava" os netos é que não chegam!Nesta altura, já a minha mãe brincava com os netos..."
Terceiro, " o meu cão quando vai à rua está sempre aflito para vir para casa fazer xixi na fralda!"
Pois é, por detràs destes desabafos, está subjacente tanta coisa...
Os nosso filhos têm prioridades totalmente diferentes das nossas.
Primeiro está a carreira, o sucesso e quanto ao resto ( o ser mãe, o estar com os pais, os afectos...), é secundário.Um dia, quem sabe... logo se vê!E entretanto o tempo passa e eles pensam que a juventude é eterna!
Depois é o ritmo de vida que lhes é imposto, por um lado, mas por outro, as comodidades a que foram habituados.Nem lhes passa pela cabeça irem a casa almoçar! Ou vão ao restaurante, ou a casa dos pais...
E essa comodidade manifesta-se também na " nova geração de cães"! Têm fralda em casa, para não irem à rua, por isso até nos cães se notam novos hábitos...
E nós, a geração que passou por mil e uma mudanças em pouco tempo, temos de nos adaptar a tudo.Até chegarmos ao ponto de falarmos com naturalidade que os nossos filhos nos visitam porque precisam, e não por amor...
Algo falhou na educação que demos aos nossos filhos!
Algo está errado no sistema que facilita o aborto, mas dificulta a constituição da família!
As crianças não brincam, porque têm o tempo preenchido com actividades.
Os pais não estão em casa, porque o emprego os obriga a permanecer dia e noite no serviço.
Os jovens são estimulados à competição e sentem-se empurrados para fazerem mestrados e doutoramentos, porque a licenciatura não chega para arranjarem trabalho.
Os casais nem querem ouvir falar em ter filhos, porque querem ter vida própria e não querem abdicar da sua vida de eternos solteiros.
Os cinquentões são dispensados, ou ignorados no seu trabalho, porque são considerados velhos e até os filhos se esquecem deles.
O que é isto?! Qualquer dia somos apenas uma multidão anónima que se atropela.

terça-feira, dezembro 04, 2007

O deficiente

Ontem, comemorou-se o Dia Internacional da Pessoa Deficiente.Como todas as minorias, têm o seu dia e apenas nesse dia são lembradas...Os media dão então algum tempo de antena, sobretudo se alguém se lembrar de algum feito mediático.O pequeno (grande) trabalho de pais e profissonais junto do deficiente mental, ou os obstáculos que diáriamente o deficiente motor enfrenta, não são notícia...Assim como a iniciativa de pessoas que lutam pela defesa dos interesses do deficiente, sem nada quererem em troca, também não interessa... O deficiente é diferente e a sociedade não convive bem com a diferença.Ela incomoda... Felizmente, existem as Instituições Particulares de Solidariedade Social, que por iniciativa de pessoas a quem a deficiencia chegou a casa, se substituem ao Estado. É preciso que o mal nos bata à porta para estarmos atentos. Mas eles, os deficientes, não precisam da nossa pena.Não são os coitadinhos... Precisam sim, da nossa solidariedade, porque pela sua diferença, necessitam que nós, os ditos normais, os ajudemos a ter qualidade de vida e a sentirem-se felizes.A viverem bem, apesar das suas limitações. Hoje, há já muitos que realizam uma actividade, mostrando que são capazes de produzir.Apenas têm um timming diferente da maioria. Outros manifestam as suas capacidades através da arte. Outros ainda, estão integrados nas escolas normais, porque há quem defenda que assim são mais estimulados( será?). Apesar de existirem centenas de instituições( umas a trabalhar melhor do que outras), a verdade é que ainda há muito a fazer.E uma boa parte, tem a ver com a mudança de mentalidades. É preciso acordar as consciencias! È preciso mostrar o que incomoda! É preciso dar as mesmas oportunidades a TODOS! Basta dar-lhes a mão...

O sapateiro

Esta tarde fui ao sapateiro buscar umas botas que tinham ficado para colocar capas.O meu objectivo era ficar com um salto mais alto.Pois bem, quando coloquei a dúvida se estariám de facto suficientemente altas, ou se sería melhor aumentar um pouco mais, ele responde-me: " Quanto maior é a altura, maior é a queda!" Fiquei a pensar nesta frase e na sua sabedoria! Homem de cabelos brancos e olhar franco, leva a cabo, diariamente, uma actividade pouco valorizada. Sentado no seu banco de madeira, trabalha à luz de um candeeiro, num espaço exíguo, onde se vêem prateleiras com inúmeros sapatos de todos os feitios. Fala apenas o suficiente, mais preocupado em executar o trabalho com perfeição! Quando chega a hora de pagar, pede apenas meia dúzia de euros! Pois é, mas é este homem, que na sua simplicidade, manifesta uma grande sabedoria!

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Desemprego

Segundo as sondagens da Eurostat, Portugal é o país com maior taxa de desempregados da Zona Euro e o terceiro pior da União Europeia.Nada que me surpreenda... Num país onde não se promove a iniciativa,nem se fomenta a produção, que mais sería de esperar?É um país pobre, que vive do medo! Em que cada vez mais se consomem anti-depressivos.Onde não se aproveitam nem se respeitam os outros.Bem pelo contrário, nas organizações não é reconhecido o valor de cada um e as pessoas são descartáveis. Oportunidades?Também não há, nem para os jovens licenciados, nem para aqueles que já deram provas do seu valor! O resultado está à vista.Os mais novos emigram e os outros encobrem a pobreza, por vergonha, ou refugiam-se na sua casa, sonhando com dias melhores! A cunha é o " curriculum" de admissão... Quando é que este quadro negro vai mudar?

quinta-feira, novembro 29, 2007

O dinheiro

Nunca valorizei a importancia do dinheiro.Dinheiro como estatuto social e como poder económico.Talvez porque nunca senti a sua falta.Porém, com o passar dos anos, vou tendo consciencia da sua importancia.Por um lado, porque vivemos, como nunca, numa sociedade de consumo.Por outro, porque surgiu uma nova classe, que é no fundo o ressurgimento da velha burguesia.Há mesmo quem defenda que o dinheiro mudou de mãos. Há uns anos atràs, era o nome de família ou a formação intelectual que era valorizada.Agora, cada vez mais, o que conta é o poder de compra. O que me preocupa é a forma como o ter ou não dinheiro, condiciona comportamentos. Fazem-se avaliações pelo carro que se tem, pelas joias, pelas casas, pelas marcas que se usam, pelos restaurantes que frequenta, os vinhos que bebe, e claro está, pelas viagens que faz.O que se mostra define o estatuto social de determinada pessoa. Mas aquilo que me fez escrever este post foi o constatar como até nos divórcios( e são muitos...), a atitude dos filhos perante quem sai de casa, depende do poder económico que este tenha.Se por exemplo for um pai sem dinheiro, é simplesmente ignorado.Porém, se se tratar de um pai com dinheiro, aí continua a ser respeitado e considerado pelos filhos. Aliás, é comum ouvir os de fora questionar à que foi abandonada" e ele cumpre com as suas responsabilidades? " e se a resposta for positiva, fica-se com a sensação que do outro lado há uma admiração, mas também uma desilusão por não poder dizer " sacana!" Pois é, isto tudo para deixar a minha indignação pelo modo como o dinheiro afecta as relações de afecto.Quantos casais não se separam por desavenças originadas pela falta de dinheiro? Enfim, é de facto um poder muito grande, este o de ter dinheiro! Compra estatuto, mas mais ....compra afectos!!!

terça-feira, novembro 27, 2007

Relações sociais

Ao encontrar uma pessoa conhecida, fiz aquela pergunta que vulgarmente se faz nestas ocasiões" Como vai?", ao que me foi respondido "Vai-se indo..."
Sabendo que à partida se trata de alguém que não tem qualquer tipo de problema, fiquei a pensar na mania que temos de dar a impressão de que não estamos bem! Parece que é algo crónico, da parte dos portugueses...Nunca mostrar que se está bem!Uns, porque têm medo das invejas e dos maus olhados!Outros, porque faz parte da sua estrutura, verem a vida como uma fatalidade!
Porém, curiosamente há também aqueles que perante uma tragédia, dizem que está tudo bem, porque não querem que tenham pena deles, ou que os seus inimigos se regozigem da sua desgraça!
Enfim, mais parece que estamos sempre preocupados com os outros e os nosso comportamentos são condicionados por eles.No nosso quotidiano, o nosso imaginário social, leva-nos a agir de foram construída!
Serão poucos os que dizem o que lhes vai na alma...
Bem diferente da transparência das águas, são as relações sociais...
Sempre trabalhadas, como se de um teatro se tratasse!

terça-feira, novembro 13, 2007

Quero sentir

Não vale a pena enganar-me! Não quero esta vida para mim! Não quero este vazio de emoções... Não quero esta calma... Não quero este não sentir! Não quero que a vida me passe ao lado... Não quero que os dias sejam iguais e monótonos... Não quero sentir a melancolia do Outono e dos seus prados dourados... Não quero viver como as águas paradas do lago... Quero viver! Quero sentir!

segunda-feira, novembro 12, 2007

Uns têm sorte, outros não...

Há pouco ouvi num programa de televisão que somos nós que atraímos o nosso próprio destino!
Segundo a entrevistada (autora de um livro de grande sucesso), cada um de nós, através das suas opções, vai atraindo as pessoas que passam na sua vida!
Confesso que acho tudo isto uma grande treta.
Claro que há coisas que dependem das nossas escolhas, mas a maioria delas, acontece porque assim estava escrito.Não sou fatalista, mas acho mesmo que cada um de nós tem um destino pré-definido.
Uns têm sorte...outros, não!
Uns nascem perfeitos , enquanto outros, menos afortunados, nascem deficientes e têm de aprender a viver com as suas limitações.
Uns nascem esbeltos e são admirados, enquanto outros, nascem ou raquíticos ou obesos e têm de aprender a lidar com a sua forma.
Uns nascem inteligentes ( alguns até génios) ,enquanto outros nascem com incapacidades mentais e têm de aprender a sobreviver.
Uns encontram a sua alma gémea e partilham a sua vida com ela, enquanto outros, ou não a encontram, ou são separados dela, a meio do percurso.
Uns têm bens para usufruir dos prazeres da vida, enquanto outros têm de lutar uma vida inteira para ter qualidade de vida, ou até mesmo viver no limiar da pobreza.
Uns têm direito à dignidade e ao respeito, enquanto outros, são sujeitos a humilhações.
Uns vivem em paz, enquanto outros não a encontram e sentem-se em permanente desassossego.
Não me venham dizer que tudo isto depende das nossas opções e da lei da atracção....

quarta-feira, novembro 07, 2007

Aceitar...

A vida corre... serena, tranquila, como a brisa do mar!
De manhã, acordo com o sol a bater nas persianas do meu quarto, que me faz levantar.
À tarde, quando o sol cai, recolho ao meu ninho.
Dia após dia...
Parece complicado, mas afinal é fácil conseguir a serenidade!
Basta aceitarmos o que a vida nos oferece...
Sentir as pequenas coisas, como se cada uma delas fosse o nosso maior desejo.
Acordar com o raio de luz no rosto e sentir vontade de sair para a rua
Saborear a torrada com manteiga e o café quentinho ao levantar
Passear à beira mar no final de tarde e admirar a beleza do sol, como se fosse uma bola de fogo a iluminar o mundo
Cheirar o aroma da maçã que temos na fruteira da sala e recordar os tempos de menina na quinta dos tios
Rir das brincadeiras do nosso animal de estimação, apreciando os seus pequenos gestos
Sorrir para quem passa por nós e perceber como a alegria é contagiante
Ouvir os amigos e partilhar com eles as suas preocupações e alegrias
Ilogiar e incentivar os filhos, mesmo quando não fazem exactamente o que gostaríamos
Admirar as montras das lojas, mesmo sem poder comprar tudo aquilo que gostavamos
Ouvir aquela música e dançar como se estivessemos com aquele que amamos
Tomar o banho de imersão com aromas, ao final do dia, e sentirmo-nos divinais, mesmo com uns quilitos a mais
Caminhar com determinação, de cabeça erguida, como se fossemos rainhas
Enfim, aceitar o dia a dia...

Arrogancia

Ontem assistimos a um triste espectáculo no Parlamento! Nada que me surpreendesse... Sócrates revelou mais uma vez, o seu perfil arrogante. Procurou humilhar (como fazem todos os que não têm educação) o seu adversário político, líder da oposição e ex Primeiro Ministro.
Ao contrário, este ( Santana Lopes ) mostrou humildade e educação! Pois é, um dia talvez ele perceba que também o povo não o quer...o mesmo povo que não quis Santana Lopes.Ou será que o nosso Primeiro pensa que vai ficar no poder até ao fim da vida??? Mais parece, mas espero que o povo acorde e que um dia ( breve...), ele tenha que engolir toda a sua arrogancia.

quarta-feira, outubro 31, 2007

Eu sei, mas....

Eu sei que ele tem razão quando diz que no sentir não há "assim assim" Que o ser digno, exige que se tomem atitudes que os outros chamam de radicais Que não basta calar quando não se concorda Que há que tomar posição e manifestar a nossa indignação quando não gostamos do que nos fazem. Eu sei que é assim... Bater com a porta, quando necessário! Mostrar que sentimos, que somos gente, que temos sangue a correr nas veias! Mas infelizmente a vida ensinou-me a calar A guardar para mim a minha dor, e a minha indignação, perante as atitudes daqueles que se dizem amigos. No que não fazem, no que não dizem... Quem me dera que o mundo fosse diferente, mas não é...

terça-feira, outubro 30, 2007

Falta de amor

Alguém escreveu que o oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença.Fiquei a pensar e acho que nunca li nenhuma afirmação tão autêntica! De facto, se quem amamos nos magoa, passamos a odiá-lo! Só queremos que morra! E essse ódio só desparece quando chega a indiferença...Quando essa pessoa já não nos afecta! A indiferença sim, é o oposto do amor, porque ela sente-se quando já não amamos. E se pensarmos na quantidade de vezes que agimos com indiferença perante os outros, mesmo para com aqueles que dizemos que são nossos amigos, aí apercebemo-nos de como a nossa capacidade de amar é tão pequenina! Pois é, a maioria de nós tem por hábito achar que o simples facto de não ter feito mal aos outros, já é um gesto de carinho, de amizade, de amor! Que ridiculo!A indiferença perante os outros, a sua solidão, a sua angústia, o seu tédio, a sua doença, os seus problemas, o seu desiquilibrio...tudo isso é fazer mal! Aliás, acho que é aí que reside o verdadeiro mal! Na nossa indiferença!Na nossa falta de amor...

quinta-feira, outubro 25, 2007

Assaltos?...

Todos os dias assistimos à notícias de assaltos! Ora em multibancos, ora em centros desportivos, ora em ourivesarias, ora em bombas de gasolina, sei lá...Hoje até num hospital! Não será este fenómeno um sinal?... Sinal da instabilidade social que se está viver. O desemprego a aumentar, os impostos a aumentar, as rendas da casa a aumentar, etc... Onde é que vamos parar?! Com o corte de benefícios fiscais aos deficientes... Com uma política que premeia a mediocridade nas organizações... Com uma formação como a treta dos Centros de Novas Oportunidades... Com as empresas a fecharem... Com os nossos jovens qualificados a saírem do país para conseguirem emprego... Com as reformas a diminuírem... Com o desrespeito pelo saber dos mais velhos... Onde vamos parar? E depois admirem-se se todos os dias tivermos conhecimento de assaltos... Quem não nasceu rico, nem tem " padrinhos"tem de viver!

quarta-feira, outubro 24, 2007

Caminhada

Dizem que recordar é viver.De facto, sem memória, não somos nada.Todos temos a nossa história de vida.As nossas recordações.E com elas vamos construíndo o presente.Aquilo que somos, é sempre de alguma forma, fruto das nossas vivencias, assim dizem os entendidos.
Consoante vamos tendo experiências de vida positivas ou negativas, assim vamos encarando o mundo e construíndo a nossa auto-imagem.Mais pareço uma psicóloga a falar...
Mas a verdade é que dei comigo a pensar sobre a forma como reajo às coisas, ao modo como vejo os outros e me vejo a mim própria, e acho que tem a ver essencialmente, com as experiencias que tenho tido ao longo da vida.
É uma caminhada! E por vezes, árdua...
Hoje, ao olhar para a minha filha, para a sua insatisfação e impaciencia, pensava em como o sofrimento precoce, me levou a ser paciente.
Há dias, ao estar com um velho amigo, pensava nas cambalhotas que dei na vida e o modo como me fizeram ser menos severa nas minhas avaliações.
Ontem, ao assistir a um programa de televisão sobre as competências sociais, fiquei a pensar em como a minha instabilidade profissional me tem afectado na forma de me relacionar.
Enfim, tudo na nossa vida, tem mesmo a ver com a sorte ou azar que vamos tendo ao longo dos anos. Foi a conclusão que tirei desta minha pequena reflexão!
E assim vamos caminhando....umas vezes tropeçamos, outras erguemo-nos, mas a forma como o fazemos, tem a ver com o nosso percurso.

domingo, outubro 14, 2007

Jornalistas/ Políticos

Ontem à noite ao ver a SIC Notícias, fiquei profundamente irritada com a nossa comunicação social e os nossos jornalistas.
Estavam a transmitir em directo o congresso do PSD em Torres Vedras.A certa altura, pode constatar que o jornalista que ía entrevistando os vários militantes presentes, para além de induzir as pessoas a que dissessem aquilo que ele queria ouvir, ainda tinha o descaramento de fazer sínteses totalmente deturpadas do que lhe tinha sido respondido!
Faccioso, pouco inteligente e nada profissional, ali andava ele de peito cheio, a dar os seus palpites.
Infelizmente, os nossos políticos encolhem-se perante o poder cada vez maior da comunicação social e não se dão ao respeito.Começando mesmo pela forma como se tratam uns aos outros.Assistimos a uma excessiva confiança...como se fossem colegas de escola!
Mas como há sempre excepções, ontem Ângelo Correia pôs os pontos nos is ao jornalista, que rápidamente se encolheu, tentando contornar as afirmações que fizera.Pois é, é que o político em causa, homem da velha guarda, para além de outras observações feitas de forma determinada, chamou-lhe a atenção de que ele (o jornalista) não lhe fizera perguntas, mas antes afirmações.
A verdade é que diáriamente assistimos a jornalistas que, invertendo as posições, avalizam e julgam os entrevistados.E o pior de tudo, não conseguem ser imparciais.
Seguem claramente as opções partidárias das redacções para que trabalham.
Eu sei que este é um cenário diário nas nossas televisões, que manipulam, subvertem e omitem os factos políticos com a maior das indecencias.
Mas ontem, a minha indignação foi total, perante tanto facciosismo, dos comentadores e dos jornalistas que faziam a cobertura do acontecimento.
Já para nem falar do modo como tentaram promover a discórdia entre Santana Lopes ( dando-lhe total protagonismo) e Menezes( será por acaso?...).
Não sou militante de nenhum partido, mas gosto de política e já fui jornalista.E não fiquei orgulhosa do que vi, bem pelo contrário.Acho tão importante o papel do político como o do jornalista, mas há que saber manter distanciamento entre as partes, pois só assim pode haver respeito e honestidade no que se faz.Ambos têm a obrigação de defender os interessses dos cidadãos, cada um à sua maneira.O primeiro, promovendo o direito à saúde, à educação, à justiça e à segurança de todos. O segundo, informando com veracidade e isenção, todos os factos.
A cumplicidade a que temos vindo a assistir, cada vez mais promíscua entre as duas partes, é má para todos.Sabemos apenas aquilo que querem que se saiba e da forma que é conveniente a alguns...
Como se não faltasse andarmos anestesiados, com futebol, telenovelas e reality shows, ainda temos jornalistas destes....
Eu sei que eles são uns escravos das redacções para que trabalham, mas há que ter decência!
E quanto aos políticos, para além da pouca qualidade e poucas convicções, nem se dão ao respeito!

quinta-feira, outubro 11, 2007

O Matias

Um dia destes cheguei a casa e lá estava ele, o Matias!
Ainda não tinha nome e com apenas dois meses, aninhava-se ao colo do meu filho." É para ti, mãe!"
De olho vivo ali estava ele atento a tudo.Ao mínimo ruído, reagia assustado.
Fiquei em pânico, com o que era suposto ser uma surpresa para mim.Não o queria!
Era bonito, mas não o queria!
Não queria ser responsavel por ele, nem queria que viesse ocupar um lugar que não lhe pertencia.
Não queria que ele me condicionasse, nem que me fizesse recordar quem ele vinha substituir( como se fosse possivel substituirmos quem gostamos...).
Mas a verdade é que a intenção tinha sido a melhor do mundo.Tratava-se de um gesto de amor!
Como rejeitá-lo?...
Dentro de mim lutavam duas forças.Uma, que me dizia que devia rejeitá-lo de imediato, antes que fosse tarde e nem me permitia fazer-lhe um carinho.
A outra, que me segredava que devia acolhê-lo e esforçar-me por integra- lo no lar, mesmo sabendo o que isso representava.
Assustada, fui-me aproximando lentamente dele.
Dei-lhe o nome de Matias e comprei-lhe uma cama e um brinquedo.
Cada dia que passa é diferente...
Será que que o vou aceitar?
Ainda não sei!

quinta-feira, outubro 04, 2007

Sobreviver

Quando todos nos desiludem, é muito dificil encontrar um sentido para a vida.
São os filhos que nos deixam e nos criticam.
São os amigos que não aparecem nem telefonam.
São os namorados que um dia se vão.
São os empregos que, ou não existem, ou são uma selva.
São as notícias dos media que nos indignam diáriamente.
Apesar de tudo isto, continuamos a sobreviver!

terça-feira, outubro 02, 2007

Hipocrisia

Mais uma história vivida no hospital da minha terra. Como todas as histórias, começa por "era uma vez"... Pois bem, era uma vez uma menina (por acaso minha filha) que precisou de ir fazer um exame ao hospital.Estava tudo marcado e o exame estava a ser feito, quando o chefe de Serviço vem chamar a médica para ir fazer vénias ao senhor Ministro...
Perante tal atitude, a médica lembrou que era mais importante atender os doentes, do que ir aplaudir um Ministro, que ainda por cima, nada fazia por aquele Serviço. O chefe de Serviço em causa, para além de pertencer ao maior partido da oposição, já exerceu funções executivas no tempo da outra maioria... Mas claro está, que não podia deixar de dar graxa ao senhor Ministro da Saúde... Quanto ao senhor Ministro(sempre ocupadíssimo), veio às comemorações do Dia do Padroeiro do dito hospital, onde foi à missa, deu posse aos novos boys e botou faladura... e já agora, aproveitou para publicitar os "benefícios" da alteração de estatuto do hospital, sublinhando as "inúmeras vantagens" da mudança de gestão.Sim, porque tratava-se de mais um hospital ( desta vez, um hospital universitário ) a passar a entidade pública empresarial...( como se os outros EPE funcionassem melhor...). E com tudo isto, os doentes ficaram mais umas horas à espera( nada de relevante...).O importante era mostrar perante a comunicação social, o grande apoio e receptividade que o senhor ministro tinha tido, na sua vinda ao hospital...( um verdadeiro sucesso...). Enfim, como esta história, quantas mais não haverá...mas tinha de vos contar!

Relações

Quando já não acreditava nos homens, esse bicho estranho ( mas tão querido...), eis que um me surpreende!
Acompanha-me, ajuda-me, conversa ( sabe ouvir!!!), gosta de cozinhar ( não deixa as bancas da cozinha num caos!!!), não olha para as boazonas que passam quando estamos juntos ( nem diz comentários machistas...), valoriza-me, brinca, acarinha-me, enfim digamos que mostra maturidade ( caso raro num homem...).
Mas o que me deixou estupefacta foi tão só e apenas esta frase:
" Queria ter um filho seu!".
Quem é a mulher que fica indiferente a esta afirmação?!
Tenho pensado muitas vezes nos homens que passaram pela minha vida e cheguei à conclusão de que a única coisa que me interessa é saber que, a certa altura, fui importante para eles.
Se ainda gostam de mim, ou não, é-me indiferente!
O que me interessa realmente é que não tenha sido um simples "caso", mas que as relações tenham tido o significado que lhes dá sentido, sejam elas longas ou curtas: sentimentos!
Apenas isso...

Faço por estar bem

A seguir a um dia de sol vem um sombrio e vice-versa.Assim anda a minha disposição.Vai alternando entre a alegria e a tristeza.
Procuro criar pequenos objectivos para mim mesma, diáriamente.Acho que faz parte da minha capacidade de sobrevivencia!
Quando estou mais triste, escrevo e ouço música.Se estou alegre, caminho e procuro os outros.
Procuro pensar menos.
Faço coisas que me dão prazer.
Falo menos e ouço mais.
Procuro ver o que tenho de bom e esquecer o que me falta.
Rodeio-me de pessoas positivas.
Sorrio.
Vou às compras.
Mudo a decoração da minha casa.
Namoro.
Enfim, faço por estar bem, mesmo em dias sombrios...

segunda-feira, outubro 01, 2007

Vamos ver...

Não vou comentar o resultado das eleições do PSD e muito menos dos comentários de algumas figuras públicas( quer da oposição interna, quer da outra...). Talvez porque já não acredito em puritanismos e por isso já não vejo a vida com o lado dos bons e o lado dos maus, muito menos quando se trata de cargos de influencia. Assim sendo, sobre esse assunto apenas digo: Vamos ver... E acho que esta expressão se encaixa em tudo na nossa vida! No conhecimento que temos dos outros, naquilo que a vida nos oferece...Em relação a tudo, só digo "vamos ver". Tal como o tempo está cada vez mais imprevisivel, também as pessoas e os acontecimentos. Por isso não há nada como deixarmos que o tempo nos dê as respostas. Assim, para quê palpites, certezas infalíveis, juízos e sentenças... Vamos ver... E ao observar o voo das gaivotas, antes de aterrarem em terra, só posso dizer: Quem me dera ser livre como as gaivotas!

quarta-feira, setembro 26, 2007

Arrogancia

Hoje ao final do dia, estava a fazer o jantar em minha casa, quando sou alertada por um vizinho, de que havia um problema qualquer com o meu carro.Desci e sou confrontada com um carro da policia que tinha sido chamado (por um casalinho de namorados) que se tinha sentido incomodado por o meu carro estar (segundo eles) encostado ao deles e até batido.Não satisfeitos, até tinham tirado fotografias!O ridiculo da situação deixou a própria policia( que fez o seu papel ) consternada.
Primeiro, não lhes batera no carro e segundo, apenas lhes deixara o carro apertado, para não impossibilitar a saída dos condóminos das garagens do prédio.
Além do mais, tratavam-se de pessoas minhas conhecidas e isso foi o que mais me chocou.
Chocou-me pelo que atitudes como estas denunciam. Arrogancia!Cheios de dinheiro, mas sem aquilo que outrora era o essencial: o respeito!
Há que fazer escandalos, reclamar e implicar!Senhores do mundo, nem se apercebem da sua mesquinhez!
Parece que há um prazer no conflito...Será?

Santana Lopes

Venho aqui confessar a minha admiração pelo gesto deSantana Lopes na entrevista à Sic Notícias.Há muito tempo que não via alguém ( muito menos um político), a ter a coragem de se recusar a continuar uma entrevista, após ser interrompido pela chegada de um treinador a Portugal.Sim, porque independentemente de até gostar de Mourinho, ele é um treinador....e a sua chegada não é nenhum acontecimento importante, ou pelo menos não devia ser...
Isto espelha bem como vai o nosso país e a sua comunicação social.
Quais são as prioridades e o respeito que se tem pelas pessoas.Sim, porque independentemente de gostarem ou não de Santana Lopes, trata-se de um ex Primeiro- Ministro!
Parabéns à" l´enfant terrible"!

domingo, setembro 23, 2007

Medo

Às vezes sinto medo.
Medo de perder o que me faz bem, mas sobretudo de perder as pessoas de quem gosto.Fico com um nó amargo no peito!
Quem é que nunca sentiu medo?...
Eu já senti muitas vezes!
Medo da trovoada, medo da dor, medo do vento, medo da solidão, medo da traição, medo de errar, medo de cair, medo da morte, sei lá... já senti tantas vezes esse sentimento que me penaliza, me atrofia, me limita!
Hoje voltei a sentir e, por momentos, assombrou-me um dia lindo.
E foi aquele aperto que dói, que quase me invadiu e deixou o meu coração aos pulos!
Mas quando percebi que não passava de um susto, voltei à minha rotina, e tão bem que ela me soube...Aquela malfadada rotina de que tantas vezes me queixo!

quinta-feira, setembro 20, 2007

Há livros

Há livros que nos transportam para um outro mundo. Entramos em êxtase e passamos a viver uma outra realidade que não é a nossa, mas a das personagens da narrativa em que mergulhamos. Foi o que me aconteceu estes dias com um livro fabuloso, pelo seu humor caústico, da escritora e realizadora, Nora Ephron.O modo como aborda os altos e baixos da vida de uma mulher, é hilariante. E como não quis perder o ritmo, fui logo de seguida à Fnac, ver as últimas novidades. Neste momento, estou apaixonada pela escrita de Rodrigo Guedes de Carvalho. É bom quando os livros nos deixam voar. Esquecemos o nosso mundo...

quarta-feira, setembro 19, 2007

O TPM

O TPM é uma coisa terrivel!Nessa altura ficamos,( nós mulheres, claro) irritáveis, mas acho que há umas mais afectadas por esta coisa horrorosa, que outras.Eu considero-me no grupo das imuno-depressivas, quando chego a essa altura do mês.
Não sei se me entendem, mas parece que o mundo acaba!Não me suporto, nada me fica bem, sinto-me a pior pessoa do mundo.Quanto aos outros, é melhor nem falar...são odiáveis, todos, sem excepção. As hormonas falam mais alto e controlam-me.Fico como que possuída!
Quero morrer, acho que nada tem sentido, que ninguém gosta de mim, e ver-me ao espelho é coisa proibida.Tudo fica apertado!Por mais que durma, as olheiras insistem em vincar o rosto, as alergias aparecem , enfim, é uma verdadeira desgraça!
Fico nervosa( eu que até sou calminha), e impaciente.
Perante este meu estar, ao ouvir no outro dia uma actriz ( que muito admiro), confessar numa entrevista, que tem o mesmo problema, fiquei aliviada.Afinal não era só eu a sofrer deste problema: o TPM!

terça-feira, setembro 18, 2007

Escravas da imagem

A noite passada, ao jantar com uma amiga,apercebi-me de como as mulheres de hoje são escravas da imagem.Acho que de três horas de conversa contínua, uma hora pelo menos, foi sobre cremes de última geração( daqueles que custam uma fortuna e depois não fazem nada do que imaginavamos...), ginástica, caminhadas, dietas e afins!
Enquanto eu saboreava uma deliciosa moqueca de camarão, acompanhada de um vinho do Douro, ía ouvindo com atenção, as receitas milagrosas para nos mantermos eternamente jovens e atraentes.Apesar de ter adorado o jantar( a comida, o ambiente, a conversa), acho que fiquei cansada só de me imaginar a praticar tudo o que a minha amiga descrevia com empenho e convicção.Mas para ser sincera, o que me impressionou mesmo foi no final do jantar, ela dizer-me" Agora vou por o creme no rosto, nas pernas, na barriga...Tem de ser!".
Ufa, prefiro ter uns quilitos a mais...No final de um jantar delicioso ainda chegar a casa e besuntar-me toda?! Nem pensar.
Que bem que me soube espreguiçar-me no meu sofá até adormecer, e ir direitinha para a minha caminha.

domingo, setembro 16, 2007

Cidadania

Ao ler as notícias sobre a saída de centenas de presos ( violadores, homicidas...) das nossas prisões, na sequência do novo Código Penal( aplicado mesmo antes de ser dada formação ou meios técnicos...),fiquei a reflectir em como nos dias que correm tudo é despenalizado.
Lembro-me de ter sido educada numa altura em que os nosso actos eram julgados e havia uma penalização pelos mesmos.Se não estudávamos, eramos castigados.Se insultavamos ou desobedecíamos aos mais velhos, eramos castigados.Se mentíamos, eramos castigados. Enfim, sabíamos que consoante nos comportassemos, eramos ou premiados, ou castigados.
Havia regras e viviamos de acordo com elas.
Pois o que me parece é que vivemos na época em que tudo é desculpabilizado!
Uma mãe mata os filhos e, ou é porque tem uma depressão, ou há que analisar o seu perfil psicológico...
Um treinador de equipa(que devia dar o exemplo), ataca o adversário e pede desculpas nos media ( não sentidas...) e não é penalizado...
Tudo se justifica e tudo é relativizado...
Os pais abandonam as famílias e é aceitável porque têm o direito a mudar de vida...
Os alunos agridem os professores e são desculpados, porque têm problemas em casa...
Os pedófilos e os violadores são desculpabilizados porque têm traumas de infancia...
Enfim, como se não chegasse tudo isto, agora temos um código penal que limita o tempo de investigação e que solta os que estão em prisão preventiva!
Que segurança podemos sentir, nós aqueles que nos habituamos a viver segundo regras?!
Isto numa altura em que se fala tanto de cidadania... Pois é, vivemos em comunidade e toda ela tem de ter regras, ou não? Senão, é a anarquia!

sábado, setembro 15, 2007

Urgências?

Há dias soube de uma amiga que foi às urgencias do hospital (dos melhores do país) a quem, para além de ter estado nove horas à espera de ser atendida, aconteceu o seguinte:
Como sabem, agora passamos por uma triagem , onde nos colocam uma pulseira com uma cor, de acordo com a gravidade da situação em causa.Pois essa minha amiga entrou com a tensão arterial a 15/18 e uma infecção urinária em último grau e foi-lhe colocada uma pulseira verde.Isto é, um caso de menor importancia!! Passaram as horas e como não era chamada, pensou em ir embora para um outro serviço de urgencia, do outro lado da cidade.Mas entretanto, ao levantar-se, quase desmaia.É aí que uma médica( estavam dois médicos de serviço...), se apercebe da situação e vai buscar uma maca para a colocar.Ao interrogar a doente, apercebeu-se de imediato da gafffe e dirige-se à pessoa reponsavel pela triagem (um enfermeiro...) e descompõe-o." Ainda tenho que fazer o seu trabalho?! Não sabe ver que este caso é para pulseira amarela?! Não vê que esta senhora podia aqui ter morrido?!".
Depois deste desabafo da médica, que estava exasperada, os outros doentes começaram então a reclamar do tempo de espera.Cá fora, os familiares, queixavam-se porque ninguém os informava do estado dos que tinham deixado há muitas horas naquele serviço, supostamente de urgência.
E quando um dos doentes ameaçava " ainda vou cá chamar a SIC! ", retorquia a médica, que se via a a braços com dezenas de doentes e sem tempo para almoçar," chame antes a TVI que vem mais rápido!".
E às quatro horas da tarde, os doentes que tinham entrado às nove da manhã para as urgências, continuavam pacientemente à espera de ser atendidos...
POis é, isto é apenas um dos muitos episódios dos nosso hospitais.Não se trata de um pequeno hospital de provincia, mas antes um hospital de referência nacional.
Hoje, ao encontrar uma médica amiga,contei o sucedido, ao que ela me diz" o povo portugês é demasiado pacifico.Deviam reclamar!Os que têm dinheiro ainda se safam..O governo pensa que a saúde pode dar lucro..."
Perante isto, acho que nem vale a pena fazer comentários...

quinta-feira, setembro 13, 2007

Plantas...

No outro dia, uma amiga dizia-me "eu amo as plantas".Fiquei deveras intrigada com esta expressão.Nunca tinha ouvido tal referência às plantas!
Não será um verbo demaiado forte para utilizar com as plantas?...
Eu gosto de plantas, mas daí a amá-las....
Tenho até aprendido imenso ao cuidar das minhas plantas.
Aprendi que, tal como as pessoas, precisam de atenção, de cuidados, senão morrem.
Aprendi que necessitam que lhes sejam arrancadas as partes velhas e secas, para que possam rebentar nova folhagem.
Mas apesar disso tudo, continuo a achar a expressão da minha amiga, demasiado forte!
Não haverá uma banalização da expressão "amo"?
Eu cá para mim, só amo as pessoas...
Qualquer dia dizemos que amamos as batatas a murro, o arroz de polvo, o Algarve, o restaurante chinês...eu sei lá que mais!

quarta-feira, setembro 12, 2007

Fotografias

Ontem estive a fazer uma montagem das minhas fotografias tiradas ao longo da vida.
Seleccionei primeiro (são aos milhares),e depois fiz, com uma determinada sequência, uma série de quadros moldura, para expor na minha salinha.
Assim, dividi a minha vida em três partes.Na primeira, englobo a infancia, adolescencia e juventude.Na segunda, a família.Na terceira, a independencia.
Ao fazer a triagem, escolhi as fotografias em que estavam presentes as pessoas mais relevantes da minha vida.Mas quando acabei, apercebi-me de que, apesar de ali estar retratada a minha vida, os episódios mais marcantes, esses não aparecem nas imagens.
Contudo, para mim eles estão lá...Ou os seus personagens se escondem por detràs do tempo que a foto representa, ou o que sentia ao tirar aquela foto, está lá, mas só eu sei.
Ao observar o conjunto de fotos, vi o que é visivel e o que é invisivel...
Os acontecimentos ( os ocorridos ou prestes a ocorrer), os personagens envolvidos e o estado de alma daquela época.
Para os outros, está aquilo que a imagem mostra.Para mim, está toda a vivência que ela representa.O tempo, as experiências, os sentimentos...está lá tudo!

Continuando...

Continuando ainda sobre o caso Maddie, numa altura em que as suspeitas sobre os pais se vão acentuando, fico a reflectir sobre o ser humano(mais uma vez...). A ser verdade que os pais estão envolvidos no desaparecimento da filha, acho que todos nós podemos questionar muita coisa.Aquilo que todos consideramos de mais natural e genuíno são os sentimentos de pais para filhos.São as relações mais verdadeiras, aquelas que perduram para sempre.Temos na nossa mente que os pais fazem tudo pelos filhos.Mas a verdade é que até esse sentimento pode ser questionado!Assistimos diáriamente, através dos media, a mães que matam os filhos, a pais que violam as filhas, a crianças abandonadas pela mães, enfim mil e um casos que nos chocam pela sua natureza cruel.Nem os animais agridem ou abandonam as suas crias, não é? Neste caso, da Maddie, tudo leva a crer que poderá ter sido um acidente.Mas o que me choca verdadeiramente( caso estejam implicados no desaparecimento da filha), é a forma como têm, desde o ínicio, manipulado a opinião pública.A frieza com que todas as acções têm sido milimétricamente calculadas. Se estivermos atentos, o comportamento desta mãe denuncia uma imensa rigidez.O que é que sabemos sobre o seu perfil psicológico? A verdade é que há pesssoas que num momento de desiquilibrio podem cometer actos dos quais se venham a arrepender, mas que consciente ou insconcientemente, os negam até ao limite.Ao ponto de acreditarem na sua inocencia!Já assisti a situações assim e geralmente acontecem com pessoas muito inteligentes. Pois é, os acontecimentos continuam e aquilo que desejo, pela Maddie( não esqueçamos que é ela que está em causa), é que a verdade venha ao de cimo.Não podemos ter uma justiça para pobre e outra para ricos, não acham?

sexta-feira, setembro 07, 2007

Caso Maddie

Não se fala de outra coisa que não seja do caso da menina inglesa desaparecida no Algarve. A todos está a despertar cada vez mais interesse.Eles são comentadores, policiais, juristas, todos têm um parecer.De forma impressionante este caso tem envolvido a atenção de todos à escala planetária!Há quatro meses que abrem os noticiários, novidades( ou não) sobre o caso. As primeiras páginas dos jornais trazem infalivelmente notícias sobre o desenrolar das investigações. Pois bem, cá para mim, tudo isto já passou os limites daquilo que o bom senso exige. É claro que esta história tem todos os ingredientes para "vender"...digamos que é um bom enredo policial, tipo os romances da Agatha Cristhie.Ela é uma menina bonita e lourinha e os pais são pessoas de boa figura e bem sucedidos.Já para nem falar do facto de serem ingleses... Apesar de ter a minha opinião sobre o assunto, o que quero aqui deixar é a minha indignação pela forma como esta história tem sido conduzida.Por um lado a atitude dos pais ( independentemente da sua inocencia ou não), por outro, a da população( na sua emotividade). Primeiro, os pais eram aplaudidos à saída da igreja como se fossem heróis( não foram eles negligentes?)!Agora, são apupados à porta da Judiciária( há provas de que são culpados?)! Ou seja, faz-se justiça na praça pública? E em directo na televisão, está claro... Além do mais não me lembro de uma campanha mediática tão bem montada como esta! E quem a montou? Os pais! Os media tem sido o instrumento utilizado para a manipulação das pessoas. Que poderes têm estes pais para conseguirem ter acesso ao Papa, ou para terem as chaves da igreja onde vão todas as manhãs?! Há meses que se assiste a uma estratégia desenfreada de marketing para promover aqueles pais a mártires e desprestigiar o nosso país.Há manipulação e é isso que me indigna. Há encenação nos pequenos gestos.Não gosto! Independentemente do que tenha acontecido( rapto, crime, acidente..), não gosto!

quinta-feira, setembro 06, 2007

Acontece!

Há pouco uma amiga comentava " não sei o que é que ele te fez, mas estás tão diferente!". Fiquei a pensar e a resposta é muito fácil.O que me fizeram foi tão só e apenas fazerem-me sentir amada! E se me perguntarem o que é isso, só sei dizer que é um misto de companheirismo, de amizade, de entre ajuda, de ternura...sei lá, é tanta coisa! Não, não é paixão, aquele sentimento que nos arrebata.Ao contrário, é um estar de uma imensa tranquilidade! E simplesmente foi acontecendo, à medida que a amizade se foi consolidando! Os mesmos interessses, a cumplicidade...sei lá! Há coisas que não têm explicação! Não escolhemos, nem está nos nossos padrões! Simplesmente acontece!