quinta-feira, maio 31, 2007

Perfeição

Hoje dei comigo a pensar como é bem mais fácil olhar para as imperfeições dos outros, que olhar para as nossas.Quantas vezes somos tão exigentes nas atitudes dos outros, que nem nos apercebemos que nós próprios também erramos, mesmo com aqueles de quem mais gostamos!E quantas vezes o fazemos inconscientemente!
De facto só o tempo nos vai dando maturidade para percebermos que não podemos exigir dos outros, aquilo que nós próprios não temos: Perfeição!
Por vezes queixamo-nos porque as nossas relações não dão certas e é no outro que projectamos os nossos erros.Esquecemo-nos de que, para o outro gostar de estar connosco, ao invés de fazer exigencias e reclamações, devemos antes de mais, procurar estar bem.Só assim a nossa companhia pode ser agradável.
Levei muito tempo a perceber isto e no entanto, é tão simples!
Queremos tanto a perfeição, que por vezes não damos valor ao que temos e quando damos conta, estragamos tudo.
Acho que isto acontece em tanta coisa da nossa vida!
Queremos sempre mais e melhor e é bom que assim seja, mas será que não devemos começar por perceber que nós próprios não somos perfeitos e quem sabe, começar por limar as nossas arestas, antes de atirar a primeira pedra? Antes de ser tão arrogantes e exigentes com os outros?
Por mim, adorava um dia atingir a perfeição.Aquela que nos aproxima do voo de uma ave.Sublime, perfeita...e voar bem alto!
Livre de amarras, preconceitos, fragilidades, erros...
Voar bem alto até atingir a verdadeira perfeição!
Aquela que nos traz a pureza de sentimentos e a simplicidade da natureza...
Será possivel?

quarta-feira, maio 30, 2007

O que fica...

Se pudessemos voltar atràs na nossa vida, era tudo bem mais fácil!
Há coisas que não podemos apagar.Tanta coisa vivida em conjunto.
Fica a ternura, a cumplicidade, mas o amor, esse vai-se!
Estranha esta sensação...
Há sentimentos que pensávamos infinitos, mas com o tempo vão gradualmente mudando.
E para que tal aconteça é preciso tanta dor, tanta desilusão, mas também o conhecer outras pessoas e o sentir com intensidade outros sentimentos.
A verdade é que muita coisa vai mudando, mas quando as relações são verdadeiras, ficam os alicerces:
O respeito e a amizade!

Educar

Há alturas da vida em que nos apercebemos com mais nitidez da responsabilidade que é o educar um jovem, nos dias que correm.Outrora, o que os pais, os professores, ou os mais velhos nos diziam, era para ser respeitado.Quer concordassemos quer não, tínhamos de aceitar.A verdade é que não conheço ninguém que tenha ficado traumatizado por esse facto.A autoridade exercida pelos nossos superiores, dava-nos segurança e crescemos habituados a respeitar os outros.
Hoje, ao contrário, assistimos a uma total inversão dos valores!
Digo-o como mãe e também como alguém que já deu formação a jovens hà bem pouco tempo.
Sinto na pele essa total inversão e não sei lidar com ela.
Não sou a favor do autoritarismo irracional, bem pelo contrário, acho que as condutas e o respeito não se impõem e que os gestos de amor são fundamentais.
Mas como levar o outro a agir do modo que achamos correcto?Nas atitudes para com os seus familiares e com a sociedade em geral.No sentido de responsabilidade.Na consciencia de que temos deveres, muito antes de direitos.
Como o fazer?
Quantas vezes nos deparamos com situações com as quais não sabemos lidar!Não acredito que aja alguma mãe que já não tenha tido dúvidas de como agir com o seu filho.É no nosso quotidiano que somos confrontadas muitas vezes com uma total incapacidade perante a arrogancia e a total irresponsabilidade dos nosso filhos.Temos de tomar decisões mas não sabemos quais são as certas para conseguir tranformar o nosso filho num Homem.
Veem os outros e com ligeireza dão palpites, acusam de permissividade e certamente com as suas razões, mas nós que temos de agir, não sabemos como.Esta é a verdade!
E que responsabilidade esta, o de educar um jovem para a vida!
De lhe dar asas para voar sem atropelar!

quarta-feira, maio 23, 2007

O mar

Esta tarde, ao observar o mar, senti-me tão próxima dele!Ora calmo, ora agitado.
Estava cinzento, ao contrário do que eu gosto.Fico fascinada quando o mar está azul. Mas apesar de não ser o caso, talvez porque me sentisse bem, fiquei presa a ele.Atenta à sua inconstancia.
Seja em dias enublados como o de hoje, seja em dias de sol radioso, a sua energia é incomparável!
Junto daquela imensidão misteriosa e daquela força permanente, rendo-me na sua beleza incomparável!
E é com uma enorme serenidade, que me despeço dele...

segunda-feira, maio 21, 2007

Viagem

Hoje comemoro mais um aniversário e apesar dos preparativos para receber os mais íntimos, arranjei um bocadinho para vir até aqui segredar.
Fazendo uma retrospectiva dos outros aniversários, acho que este não é melhor nem pior...apenas diferente.
Diferente nas pessoas que vão estar à mesa ao jantar a comemorar comigo.Diferente na forma como me vejo. Diferente nas perspectivas de vida que tenho.
Há alguns anos atràs era suposto que aqui já não estivesse, mas por algum motivo que desconheço, alguém ou alguma força superior, insiste em que aqui continue! Um dia vou saber porquê...
Encaro a vida como uma viagem, em que vamos conhecendo pessoas e vamos perdendo outras pelo caminho.
Um dia, a viagem acabará e certamente terei saudades de alguns momentos e de alguns daqueles que fui conhecendo ao longo do percurso.
Outros esquecerei simplesmente e ainda outros, recordarei com mágoa.
Como todas as viagens, há momentos bons e maus.
O que interesssa é ir sabendo aproveitar e valorizar o que de bom nos vai acontecendo.
Procurar gente que ao longo do caminho, nos faça sentir feliz, de modo a que a viagem se torne inesquecível!

domingo, maio 20, 2007

Os afectos

Hoje tinha a intenção de escrever sobre a revolta que senti ao ler os jornais este fim-de-semana.Notícias como a do despedimento de um funcionário da DREN por ter gozado com a licenciatura do nosso Primeiro Ministro, à nomeação de um grande defensor da subordinação do poder judicial ao poder político, para Ministro da Administracção Interna, deixaram -me preocupada com o caminho que o nosso país está a tomar.Como escrevia Vasco Pulido Valente no "Público", nem no tempo da ditadura, se passavam situações deste tipo!
Mas após uma discussão com o meu filho, a minha intenção de escrita mudou radicalmente.
Aquilo que venho aqui escrever hoje, tem antes a ver com a falta de afectos, que se sente na nossa sociedade.
Acho que não há nada que doa mais que a ingratidão de um filho! Muito mais do que a desilusão de uma amiga, ou uma palavra injusta de um colega de trabalho.Nada que magoe mais do que, quando colocamos a família acima de tudo, um filho nos levanta a voz, nos censura, nos julga...
Pois é, li no "Público" de hoje que em cinco portugueses, quatro não desejam ter mais tempo para a família, ao contrário do que acontece no resto da Europa.
Claro que é importante realizarmo-nos profissionalmente e se o conseguirmos, a nossa relação com os filhos, será certamente muito melhor.Mas a forma como as instituições estão a tratar os jovens licenciados, para mim é um sinal do modo como se desvalorizam totalmente as relações de afecto e de como este sintoma se vai acentuar.
Quem hoje quiser ser mãe, tem de optar entre a vida profissional, ou a maternidade.No tempo da minha mãe e até no meu, não era assim.Sempre foi possivel conciliar as duas coisas!Hoje, as mães terão de abdicar do seu papel de educadoras, porque o local de trabalho as absorve completamente.Mas o que me surpreende é que, segundo o inquérito realizado, os portugueses não têm vontade de alterar essa situação!
A ambição desmedida do sucesso e do dinheiro é pelos vistos o que move os portugueses! As relações de afecto são cada vez mais desvalorizadas.
Será que são atitudes de ingratidão como a que senti hoje, que levam os portugueses a não quererem partilhar mais tempo com as famílias?
Não sei, mas sinto que a mulher de hoje se masculinizou no mau sentido.Tanto quis a sua independencia( e bem) que esqueceu o mais importante: os afectos!
E isso reflecte-se na forma como está com o outro, com a família, com o colega...
Mais uma vez estamos a copiar aquilo que o resto da Europa já abandonou, porque não resultou.
Sem afectos, não há uma sociedade saudável!Mesmo que tenhamos que sentir a mágoa que senti hoje, ao ser insultada pelo meu filho, acho que devemos tentar contrariar o individualismo excessivo que se sente na nossa sociedade e procurar relações de afecto.

sexta-feira, maio 18, 2007

Aprendizagem

Esta semana, houve uma amiga que me desiludiu.Sei que no fundo, é apenas porque não está bem com ela própria.Sei que são reacções de alguém que tem problemas graves por resolver , por isso tentei desvalorizar as suas palavras. Fico tão triste quando perco alguém, que faço tudo por salvar uma amizade.Porém, a verdade é que se abriu uma ferida.Agora só o tempo dirá se vai ser cicatrizada ou não.Se não for, é porque a amizade não era verdadeira...
Em contrapartida, uma outra amiga que já não via há muito tempo, reaproximou-se.Está bem com ela própria, por isso senti nela uma enorme serenidade e a confirmação da sua amizade.
Ao longo dos tempos tem sido assim...uns partem e outros, ou regressam, ou aparecem.Mas fica sempre algo daqueles que foram nossos amigos.Aprendemos sempre alguma coisa!E à medida que o tempo vai passando, vamos aprendendo a lidar com as desilusões, sem fazer delas uma tragédia, mas antes uma aprendizagem.
Vamos aprendendo a aceitar as decepções e as perdas, como algo natural!Sem dramas nem sentimentos de culpa, mas antes como mais uma experiência de vida.
Aprendemos a aceitar os outros com os seus defeitos e a ver para além daquilo que muitas vezes nos mostram.

terça-feira, maio 15, 2007

Maddie

Hoje venho confessar que apesar de imaginar o drama que os pais da menina inglesa desaparecida estão a sentir, fico de algum modo indignada com a cobertura mediática feita à volta deste caso.
Infelizmente não é a primeira, nem será a última criança a ser raptada em Portugal e não me lembro de uma cobertura mediática desta dimensão.Será por a criança ser inglesa? Mas porquê...as nossas crianças não merecem tanto investimento?!
E quanto aos pais, será correcto deixar crianças tão pequenas sózinhas?
Não os quero julgar, de forma alguma, mas é uma questão que se coloca, porque se estivesse no lugar deles, sei que estaría neste momento, com um profundo sentimento de culpa.
Além do mais, as contradições das suas afirmações começam a ser de algum modo estranhas.Primeiro íam de 15 em 15 minutos ver as crianças, depois já era de 30 em 30 minutos...Entretanto, os empregados do restaurante dizem que não os viram sair!
Enfim, acho mesmo que deve ser um verdadeiro terror não saber do paradeiro de uma filha.Se está viva ou morta, se foi violada, etc, etc...porque a verdade é que o ser humano é capaz de tudo!E as redes de pedofilia são um exemplo da crueldade humana.
Mas será necessário tanto mediatismo para que as investigações avancem?
Será necessário que seja uma menina inglesa para que este tema seja debatido na nossa televisão pública?
Enfim, são apenas algumas questões...

segunda-feira, maio 14, 2007

Há pessoas...

Há pessoas que simplesmente passam pela nossa vida, mas outras há que deixam marca.
Umas, pelo mal que nos fazem , pelo que destroiem em nós.
Ao contrário, outras deixam -nos marca pela sua dignidade, pela sua capacidade de entrega, pela sua loucura saudável.
Se pudessemos mandar no nosso coração, certamente que seríam estas últimas que escolheríamos para passar o resto da nossa vida.Porém, como não o podemos fazer, só temos a opção de nos afastarmos para deixar o outro voar e ser feliz.
Só podemos afastarmo-nos para não nos acomodarmos a viver de habituação, deixando de lutar pela nossa felicidade.
Mas custa saber que fazemos sofrer quem não merece!
Deixarmos de ter a companhia de alguém que nos conhece e gosta de nós tal como somos.
Alguém que nos sabe ouvir e estar atento ao nosso sentir.
Alguém que nos sabe ler a alma.
Quanto custa....

sábado, maio 12, 2007

Quantas vezes...

Quantas vezes me surpreendo com a forma radical como os outros julgam os nossos comportamentos, ou nos dizem de forma peremptória para agir desta ou daquela forma.
Quantas vezes ao ouvir os seus julgamentos dou comigo a pensar " e tu, como é que ages perante a tua vida?!".Porém, calo-me e faço de contas que nada sei.Das suas fraquezas, do seu silencio cobarde...
Quantas vezes calo perante coisas que sei e que não entendo, apenas para preservar os outros.
Quantas vezes, está em causa uma família, uma amizade...no entanto, ao invés de afirmar que eu faria desta ou daquela forma, faço de contas que nada sei.
Quantas vezes, tenho vontade de gritar, partir e no entanto calo e fico.
Não por cobardia, mas para preservar o outro, para não magoar.
Quantas vezes me apetece dizer não e digo sim
Não por fraqueza, mas porque sinto que o outro precisa de mim.
Porém....
Quantas vezes ouvi não, quando precisava ouvir sim
Quantas vezes partiram, quando precisava que ficassem
Quantas vezes se foram sem uma justificação
Quantas vezes ouvi sentenças, quando precisava de compreensão
Quantas vezes ouvi criticas, quando precisava de um colo
Quantas vezes...

terça-feira, maio 08, 2007

As amigas

Sempre ouvi dizer que os namorados passam e as amizades ficam.Não sei se é bem assim, mas a verdade é que quando se acaba um namoro, se não tivermos um grupos de amigas de suporte, é tudo bem mais dificil de ultrapassar.
Por mim, ao contrário do que fazia antigamente, em que colocava o namorado acima de qualquer outra pessoa, a vida ensinou-me a não o fazer.E quando vejo alguém a cometer esse erro, como se ele, o namorado, fosse único e eterno, chamo a atenção da pessoa em causa, para que nunca se esqueça das amigas.
Além de que, se ambos conviverem com os seus amigos, quando se encontrarem , terão certamente uma relação muito mais saudável.Coisas para partilhar, saudades, enfim...um duplo gozo na presença um do outro.
A verdade é que nós mulheres, tal como os homens, temos as nossas próprias conversas.As nossas confidências que não partilhamos com ninguém, a não ser com as nossas amigas.E quando o fazemos, ficamos bem mais leves!Dizem os entendidos, que é uma vantagem da mulher.O conseguir partilhar as suas angústias com as amigas.
Cá para mim, depende muito da amiga...algumas, conseguem pôr-nos ainda mais na fossa, dramatizando ainda mais os nossos problemas e dando-lhes uma dimensão que nem sempre têm, ou pelo menos, não sabendo diminuir essa carga que trazemos connosco.
Por isso acho mesmo, cada vez mais, que o importante é sabermos escolher a amiga certa para conversarmos, de acordo com o tipo de preocupações que temos no momento.Dependendo das suas vivencias e da sua sensibilidade para este ou aquele assunto.
Em último recurso ,se não tivermos nenhuma amiga para desabafar, aí resta-nos ouvir música e esperar que dias melhores cheguem.
E quantas vezes o nosso travesseiro é mesmo o melhor conselheiro!

domingo, maio 06, 2007

A mãe

Hoje comemora-se o Dia da Mãe! Mais um pretexto para o consumismo desenfreado.Logo de manhã, nos centros comerciais ,assistia-se a filas de gente para comprar flores, trapinhos e os mais afortunados, dirigiam-se às ourivesarias.
A verdade é que nós mães, somo-lo todos os dias do ano e por vezes, com que sofrimento... É a voz que se levanta do nosso filho, é a palavra injusta da nossa filha, sei lá, todas nós mães, temos os nosso dias de desanimo e de mágoa.Felizmente, outros vêm que compensam, fazendo esquecer as palavras que nos soaram injustas.
Aí, partilhamos de braços abertos o carinho com os nossos filhos.E quando precisam, aí estamos nós para lhes dar colo!
O coração de uma mãe é imenso!A capacidade de dar e perdoar, não tem fim!Nenhum sentimento é tão genuíno!
Hoje foi um dia em que senti os meus filhos mais próximos.Não pelas prendas que me deram, mas pelos miminhos que fui recebendo.Esses sim ,enchem-me a alma e fazem-me esquecer todas as amarguras da vida.Foi bom, mesmo muito bom!
Claro que recordei a minha mãe.Uma mulher pequenina, mas bonita e determinada.A nossa relação não era fácil, mas até hoje, foi a pessoa que mais me marcou!
Acho mesmo que muito do que sou, tem a ver com ela.Gostaría que a nossa relação tivesse sido diferente.
Gostaría que nos tivessemos aproximado mais cedo.Tanta coisa que só soube dela, pouco antes de a perder.
Afinal ela admirava-me! Afinal ela também tinha sentimentos de culpa!
Tanto tempo a vivermos na mesma casa e tanta coisa que ficou por dizer!Tanta raiva acumulada..Tanto tempo desperdiçado!
Mas sempre soube que ela, a minha mãe, era aquela com quem podia contar quando precisasse...
Sempre soube que largaría tudo por minha causa, se fosse necessário e assim o fez!Nunca desistiu de mim, a minha mãe!
Quem dera que tivesse sido diferente...que ambas tivessemos partilhado gestos de ternura e carinho, tal como hoje faço com os meus filhos...mas foi a mãe que tive e orgulho-me dela!

sábado, maio 05, 2007

Dos outros...

Há dias em que um cansaço enorme se apodera de nós.Cansaço dos outros que tem passado pela nossa vida...
Dos outros que desvirtuam a verdade.
Dos outros que se recusam a aceitar que não os amamos.
Dos outros que deixaram de nos amar.
Dos outros que ignoram o nosso sofrimento.
Dos outros que não entendem o nosso silencio.
Dos outros que nos levantam a voz sem perceber que nos magoam.
Dos outros que não aparecem.
Dos outros que só se vêem a si mesmos.
Dos outros que se recusam ajudar um amigo.
Dos outros que dizem mal de tudo.
Dos outros que não têm pudor.
Dos outros que caiem na inércia.
Dos outros....e também de nós!

sexta-feira, maio 04, 2007

Solidariedade?

Ontem fui abordada por um míudo que me queria vender pensos.Comecei por dizer que não estava interessada, mas perante a insistência, resolvi ceder.Olhei para ele e parecia ter cerca de dez anos.Moreno, de olhos vivos, comia um pão, enquanto me pedia um euro.Perguntei-lhe qual era a sua nacionalidade, quando percebi pelo sotaque, que não era português." Sou romeno", respondeu-me.Não sei porquê, apeteceu-me continuar a conversar com ele.Fiquei a saber que se chamava Emanuel e vivia na cidade, com os pais e três irmãos.
A certa altura, viu a polícia e tirou da sacola, a correr, um papel da República Portuguesa que o identificava.Fiquei surpreendida, mas depois percebi que provávelmete estaría com receio que eu o denunciasse!Continuamos a conversar, enquanto íamos caminhando.Fiquei a saber que não ía à escola porque não estava legalizado e que o pai, fazia o mesmo que ele...vender pensos!
No final, despedimo-nos a desejar boa sorte um ao outro!
Quando regressava a casa pensava como é que era possivel viver desta forma.Será uma questão cultural, ou será mesmo a incapacidade de conseguir uma vida melhor?
Bem, a verdade é que estava perante uma criança!Vítima da sociedade que todos nós criamos.
A miséria estava ali ao meu lado e eu, como a maioria de nós, os "bons", ficamos no nosso canto, como se não fosse nada connosco...Sim, porque o silêncio e a passividade são o mais fácil, perante a desgraça dos outros...Nem temos nada a ver com isso e não podemos salvar o mundo...é o nosso raciocínio de burgueses bem instalados na vida, mas cheios de discursos solidários...

quinta-feira, maio 03, 2007

Envelhecer

Todos temos um ano que é um marco na nossa vida.O marco da mudança!
Em que de repente, olhamos para nós e sentimos que os anos nos caíram em cima e já não voltam atràs.Surgem os primeiros sinais de envelhecimento e assustamo-nos.
Claro que o envelhecimento é um processo natural da vida, mas como lidar com ele?Eis a questão!
Não nos ensinam quando somos crianças ou jovens, a saber gerir a mudança da nossa auto-imagem. E de repente, olhamos e não estamos iguais.
Deixamos de gostar de nós e os outros deixam de nos cortejar.
Resta-nos a maturidade adquirida, que nos ajuda a valorizar outras componentes da nossa pessoa.Sabemos mais sobre nós próprias e sobre os outros.
Agimos de forma diferente, menos impulsiva, perante as desilusões.
Aprendemos a cuidar de nós.
Mas apesar de tudo isso, a verdade é que é dificil envelhecer.
Aceitamos a velhice como uma fatalidade da vida.E aquelas que não o fazem, por vezes caiem até no ridículo de tanto quererem mostrar algo que já não têm.
A beleza, esse elixir que nos deslumbra e cuja publicidade tão bem sabe manipular...
Ainda hoje, ao observar as revistas femininas que estavam num expositor, todas elas focavam o mesmo tema: a beleza!
E o que nós fazemos para tentar mantê-la, mas a verdade é que a vida vai deixando as suas marcas.Umas invisíveis e outras, bem visíveis...

quarta-feira, maio 02, 2007

Investir na morte?

Esta manhã, num mini-mercado onde me abasteço, ouvi a seguinte exclamação:" Até aos cinquenta nunca tive nenhum problema.Agora aparece-me tudo!".
A conversa em causa tinha a ver com problemas de saúde. Sorri e pensei "que priveligiada", enquanto todos os presentes concordavam com a afirmação.
Ainda ontem, na SIC Notícias ouvira uma reportagem sobre transplantes pulmonares, em que eram entrevistadas pessoas, umas em lista de espera, outras já transplantadas, todas elas com muito menos de cinquenta anos.
Infelizmente, a reportagem foi feita num hospital em Espanha, porque no nosso querido país, é uma das áreas mais atrasadas.Quem precisar, tem de ir para o estrangeiro, com os custos que isso acarreta, tendo em conta que conseguir um pulmão, para além de ser raríssimo,é um orgão que só tem seis horas de vida, o que significa que os doentes têm de ficar internados à espera que de repente surja um.
Claro que não falo apenas da questão financeira, mas do que reperesenta psicológicamente estar a viver um drama destes, longe da sua familia e dos amigos.
Enfim, tanto dinheiro mal gasto e naquilo que é importante, porque tem a ver com a vida das pessoas, não se investe...Mas é fácil abrir clínicas para abortar!!
Ao invés do nosso país investir na vida, pelos vistos prefere investir na morte...
Mas voltando ao início, aqueles que se queixam porque depois dos cinquenta, começaram a ter problemas de saúde, e muitas das vezes, apenas se trata de problemazitos, são de facto uns felizardos e nem se apercebem disso!Ao contrário, lamentam-se e muito...
Fica aqui este desabafo...